Depoimentos

Início » Depoimentos

Adauto José G. de Araújo – Dia de deputado
Alexandre Medeiros – Sorriso imenso
André Malhão – Atitude positiva
Arlindo Fábio Gómez de Souza – Memórias afetivas
Armando Raggio – Um visionário
Caco Xavier – O estadista da saúde
Carlos Morel – Representante de peso na OMS
Cesar Vieira – Arouca foi
Denise Queiroz – Um dedicado aluno de tai chi
Direção da ENSP – Exemplo de humanidade
Edmilson Silva – Arouca agora é de Orun
Edmundo Granda – Um imenso latinoamericano e Reforma Sanitária – processo civilizatório
Fátima Pivetta – Ficamos órfãos
Feres Sabino – Filho ilustre
Flávio Magajewski – Um gigante da saúde pública
Gilberto Gil – Dignidade e espírito público
Graça Lago – Amigo nas grandes batalhas
Gustavo Kour – Una pérdida para la Humanidad
Helena Rego Monteiro – Amiga poeta
Henri Jouval – Escolas Médicas
Herminia Coelho – Opiniões contrárias
Ivan Moreira – Homenagem da Câmara do RJ
Jacobo Finkelman – Perda para as Américas
Jaguar – Crônica
Jaime Breilh – Tan valioso compañero
Jairnilson Paim – Construindo a saúde coletiva
Jorge Bermudez – ENSP e Arouca
José da Rocha Carvalheiro – Um nome do século 20
José Noronha – Reforma sanitária
José Roberto Ferreira – Amargo regresso e Líder predestinado
Keyla Belízia Feldman Marzochi – Retrato do calendário
Lain Pontes de Carvalho – O símbolo do nosso compromisso
Lauro Morhy – Doutor em saúde pública
Leila Mello – Política como prato principal
Lígia Maria Vieira da Silva – Inspirando pesquisadores
Lucia Regina Antony – Uma revolução na Fiocruz
Luís Antônio Santini – Mudanças do PCB e do PPS
Luiz Cordoni Jr. – Originalidade
Maria Urbaneja – Saúde pública na América Latina
Mario Hamilton – Sensivel aos outros
Mario Roberto Dal Poz – Lições do sistema de saúde
Miguel Márquez – Francisco Rojas Ochoa – La partida
Mirta Roses – Dolor Grande
Naomar de Almeida Filho – No tempo do Peses
Paulo Buss – Desbravador da medicina preventiva
Pedro Tauil – Inestimáveis serviços
Roberto Freire – Opção pelo humanismo
Romulo Maciel – Questões populares
Sérgio Adeodato – Batalha pela saúde
Tabares Gonzalez – Nicarágua
Teófilo Monteiro – Nas paredes da ENSP
Thales Pontes Luz – Parlamentar combativo
Vanessa Grazziotin – Serviços no Amazonas
Virgínia Schall – Castelo do Adeus

Dia de deputado

Um dia Arouca saía da Fiocruz com Luiz Fernando Ferreira (professor e pesquisadora da Ensp/Fiocruz) e peguei carona com eles. Ao entrar em um estacionamento do centro da cidade, o guardador saudou-o com um “Boa tarde, deputado!”. Arouca virou-se para nós e disse:

– Veja só! Não fui reeleito, mas eles continuam a me chamar de deputado. Isso é bom. O que não é bom e que estamos numa quarta-feira à tarde e, em lugar de estar em Brasília, onde eles acham que deveria estar, estou passeando no centro da cidade com vocês, gazeteando sessão da Câmara!”

Adauto José G. de Araújo, pesquisador da Fiocruz

Retornar ao topo

Sorriso imenso

Eu estava fora no fim de semana e fui avisado pela minha mãe, já no fim da tarde de domingo, da morte do Arouca. Fiquei atônito porque já nem poderia chegar a tempo no velório. Pensei logo nos que o amavam e na dor pela perda de um companheiro de tantas batalhas. Arouca era uma figura dessas que a gente guarda para sempre no coração. Uma espécie de estrela-guia. Lembro da última vez que o encontrei, no Jardim Botânico, com seu grupo de tai-chi-chuan. Ele de bermuda, tênis e camiseta, cuidando da saúde já debilitada. Abriu aquele sorriso imenso na manhã ensolarada, me deu um abraço, fez uma festinha nos meus filhos e disse: “Rapaz, como é que você está? Que saudade”.
É o que sinto agora, uma saudade imensa, abraçando essa lembrança.

Alexandre Medeiros, jornalista

Retornar ao topo

Atitude positiva

“Conheci Arouca em 1987, ao vir para a Fiocruz me integrar ao grupo que então implementava as propostas que davam corpo a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, um dos projetos dos quais Arouca participou na idealização e na consolidação. E é este um dos primeiros traços da personalidade de Arouca que persiste em minha memória: uma pessoa que cultivava uma atitude altamente positiva diante da vida, sempre capaz de manter-se formulando e realizando projetos. Para isso, ele contava com outra característica indissociável de sua história pessoal: o poder de valorizar o que cada pessoa tinha de melhor a oferecer. Arouca jamais se concentrou no que faltava às pessoas e, sim, no que era possível alcançar por cada um e pelo coletivo. Acredito que somente quem traz em si uma generosidade indelével faz isso do modo natural como era para ele. Eu diria que é, sobretudo, a combinação dessas qualidades ao seu jeito afetivo de liderar que me faz associar à lembrança do Arouca todas as melhores qualidades que se atribuem aos verdadeiros mestres.”

André Malhão, diretor da Escola Politécnica da Fiocruz

Retornar ao topo

Memórias Afetivas

“O que você vai ler aqui
Não pretende ser uma recuperação histórica,
Não se preocupa com a cronologia do relatado,
Não se propõe destacar fatos por sua relevância,
Nem quer identificar protagonistas de uma história
É simplesmente o somatório de memórias afetivas de Luiz Fernando, Chris, Ary e minhas, fruto de associações livres, leves e soltas. Tal como nossas relações com Arouca.
1. Eleição de Tancredo Neves. Alegria geral. Quase geral. No Rio, um coração partido por uma paixão que viajara para Santa Catarina para lá começar um novo trabalho. Arouca pergunta a razão de tanta tristeza em meio a tanta alegria. Ouve a resposta e rapidamente dispara: “Não tem problema. A gente contrata ela.”
Ela não viajou, alegrou um coração e desenvolveu um belo projeto na FIOCRUZ.
2. Ao término da reunião da Presidência, uma decisão: Substituir um Assessor. Tarefa para o Presidente. Saem os demais da sala, entra o Assessor, tenso, cabisbaixo. 10, 25, 40, 50 minutos se passam. Abre-se a porta da sala. Sai o Assessor, sorriso nos lábios, cumprimenta toda a equipe da Presidência; Estava mantido no cargo e mais, fora promovido.//
-“Mas Arouca!!!” foi a voz geral.
-” Ele me disse que está sem dinheiro, com a mãe doente, tem duas filhas, a mulher sofre de uma doença séria, a irmã é paralítica… O que vocês queriam que eu fizesse?”. Tempos depois descobrimos que a causa da falta de dinheiro usava saia e até que era bem bonitinha. Foi defenestrado.
3. Agosto de 1986. Decisão tomada: -“Vamos reintegrar os cassados. Já pensei. Vamos contratá-los junto com os mata-mosquito que vão trabalhar com a dengue. Contrato por 9 meses. Depois, quero ver quem tem coragem de cassá-los de novo”. Na festa da reintegração, Chico Buarque, Ulysses Guimarães, Darcy Ribeiro, Renato Archer, Roberto Santos, Paulo José, Cláudio Correia e Castro, Antônio Pedro,Milton Gonçalves e muitos, muitos aplaudindo a encenação, nas escadarias em frente ao castelo, de “Galileu Galilei ” de Bretch : “O que eu sei eu passo adiante, como um bêbado, um namorado, como um vagabundo”.
4. Pedir a cada um o que cada um sabia e podia dar. Segredo da liderança que Arouca escondia sob a frase sempre repetida: -“Eu sou bem mandado. Vocês mandam que eu cumpro”.Me engana que eu gosto.
5. Segunda-feira,oito da manhã. Telefone toca. No outro lado Hermínia, a secretária raptada do Galvão para a Presidência.
-” O senhor vai ter que fazer a conferência sobre a FIOCRUZ na Escola Superior de Guerra. O Dr. Arouca não vai poder ir” . A ressaca do Domingo permitiu apenas responder: -“Tá bem, mas precisava me acordar por isso? Me dá os detalhes depois, quando eu chegar ai no castelo”.
-” O senhor não entendeu, a conferência é hoje, agora às nove horas”. A ESG abria suas portas pela primeira vez à esquerda sanitarista depois de 1964. Fui e falei.
6. Rede Manchete na sala da Presidência da FIOCRUZ. Primeira entrevista da nova gestão. Arouca vai falar. – “Péra ai!” O olho atento da Chris identifica um furo na camisa do Presidente, bem na frente, ali onde a câmera certamente iria mirar. Mão zelosa da Chris despe o jaleco do Akira e cobre com fita adesiva o nome dele bordado no bolso superior. Estava composta a imagem do pesquisador. Como seria sempre depois, brilhante entrevista.
7. Saindo da sala da direção da ENSP, quartel general da campanha para a Presidência, início do contato com as unidades. A trupe desce a escada e na porta Arouca pergunta: -“E agora, aonde vamos?” -“Far Manguinhos, nosso primeiro pouso” respondemos. -“E onde fica Far Manguinhos?”. Saída à esquerda, rápido. Passos largos e nova pergunta do candidato: -“O que fazem em Far Manguinhos?” . Havia muito no que apostar, se havia.
8. Ainda campanha. -“Claro que eu vou, e por que não?”. 12,02 horas, lá estava no templo ecumênico da FIOCRUZ, antigo local de exposição da maquete do campus de Manguinhos, ali onde hoje é o bondinho. Não só estava lá como acompanhava atento e compenetrado o culto. Sua saudação comunista para nós sempre foi “Saravá” .
9. Estúdio da TV Globo. Jardim Botânico, Rio de Janeiro. -“Silêncio, gravando!” – “Pérai!!!” (lembram dessa ordem?) -“Diretor, quando for gravar com a câmara 3, manda pegar o Arouca da cintura para cima.” A câmara 3 mostraria o roxo da meia que saia pelo buraco na sola do sapato do Arouca. Ganhou um pisante novo de aniversário.
10. Praça das Nações. “Ao Nosso Restaurante”. Na toalha de papel da mesa a ata de fundação da Casa de Oswaldo Cruz. Depois, Luiz Fernando mantendo aberta a porta do banheiro com o pé. Arouca, segurando minha testa enquanto eu botava os bofes para fora. Selado o pacto. Vamos escrever a história da Saúde Pública brasileira.
11. Arouca veio para o PEPPE-PESES. Depois fez concurso para Professor Titular de Planejamento da ENSP. 1977. 10 . Nota 10. Um de seus concorrente, capitão médico, tinha entre seus títulos uma citação por ter assistido um parto e contava entre os escritos duas “ordens do dia”. No auditório, cadeiras coloridas de verde oliva, salpicadas de estrelas e gemas. Zero. Nota zero. Seja bem-vindo ao nosso convívio, Arouca..
12. Primeiro bar: “Garota de Bonsucesso. O tema, “A tomada do Castelo”. Ricamor, Ferreiros da Selva, Schults o Abade, Ludovicus Tercius Guanabarinus e a máxima que sempre nos guiou: “Peleo porque me gusta pelear”.
13. Um dia, talvez uma noite, em Brasília, campanha pela nomeação do Arouca, Hotel Arystus (onde a estrela é você) uma frase dita em tom de advertência pelo próprio: “Isso ainda vai dar certo!!! Olha lá onde estamos nos metendo!!!” Sua frase de segurança: “Não sei se Deus existe. Só sei que está do nosso lado”.
14. Mais um bar. (Será que só faziamos comer e beber?) -“Vamos então fazer o Poli”. Decisão tomada. Firme. Irremovível. -“Agora, Politecnia, o que é isso Luiz Fernando!!!???” “Chama alguém que saiba o que é isso”. Frigoto e Luiz Fernando decifraram a charada.
15. Beber e comer?
-” E ai, vamos sucumbir a um FIC?” , propunha Arouca. E continuava: – “Chama o Tabaco e vamos embora.” FIC? É Fator Incontrolável de Corrupção. Queria dizer sair às 3 horas da tarde, para não mais voltar à Fundação, ir para um restaurante, comer e beber, beber e comer. E inventar coisas, que ninguém é de ferro. Despesa rachada, mesmo que o Rahlá bebesse mais Teacher´s do que todos os demais juntos.
16. Ralah? Personagem do Angeli: Ralah Ricota. Guru baixinho, túnica longa, sempre sentado, barriga proeminente, careca no centro com barba e cabelos longos. Lembra alguém? Apelido dado pelo Ary, especialista em apelidos.
17. Brasília, meio-dia. Cada qual em sua casa. Nós, numa churrascaria. Caipirissima de vodka. Chopp. Antes do despacho com o Ministro, Halls Liptus, cor preta. Hálito fresco.
18. Alma feminina. Presidente do Sindicato dos Crentes. Constante exercício da sedução. Nunca dizendo não. Se fosse mulher, Arouca taria na zona, dando, … de graça.
19. 8a Conferência Nacional de Saúde. 98 grupos de trabalho. 5000 participantes. 4 Ministros na abertura. Discurso do Presidente da República preparado pelo Leleco. Todos os partidos e grupos, frentes e tendências. Tarefinha fácil de levar a bom termo.
20. -” Sou mais identificado como sanitarista da FIOCRUZ do que militante político ou deputado; é assim que me sinto bem”. ” A FIOCRUZ tinha um elevado componente de afetividade e um projeto de construção de um novo país. Congresso é solidão”. Já deputado em Brasília.
21. Reunião complicada? Braço direito por sobre a cabeça, mão direita coçando a orelha esquerda. Reunião chata, prolongada? Dedos tamborilando o tampo da mesa.
22. -” Ministro, estou ligando para dizer que acabo de demitir o Coronel do SNI”. Primeira semana de mandato, Brasil, 1985. Tancredo morto, Sarney Presidente, no ar a incerteza total sobre tudo.
23. Não bastam a criação da Casa de Oswaldo Cruz? da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (negro, pobre, técnico)? Então vamos mais: Departamentos de Farmacologia e Farmacodinâmica, de Genética, Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Creche, Prefeitura do Campus, Biotério Central, Horto Florestal, Apiário, Sítio Arqueológico, Restauração do castelo, Informatização, … Não basta? Organização dos estatutos da Associação dos Funcionários da FIOCRUZ, ASFOC, Congresso Interno, Conselho Deliberativo da FIOCRUZ, Regimentos das Unidades, … e Chorinho na Casa de Chá que ninguém é de ferro.
24. Muda ministro, muda Presidente da FIOCRUZ. A é? Abraça o castelo. Arouca fica.
Que saudades do Carlos Santanna, o melhor Ministro da Fundação Oswaldo Cruz.
25. -“Fui convidado para assumir a Secretaria estadual de Saúde”. Impacto. Discussão, discussão, discussão. Todos contra, menos um, o Arouca. -“Quem vai comigo?”
26. -“Tem muita coisa para despachar? Então vamos lá, Ary”. Tarde toda despachando processos num restaurante de Jurujuba. No fim do dia, Geraldo, o anjo da guarda, entregava todo mundo em casa.
27. -” Não uso e não tenho gravata”. -“Mas tem que usar, Arouca! E se for borboleta, você usa?” Em tom de desdém responde -“Ai eu uso”. Não tinha visto o Simeão (o garçon da Presidência) atrás dele. Perdeu, cumpriu. Entrevista para a TV com gravata borboleta.
Com a mesma cara com que um dia colocou um cocar na cabeça, recebeu o Presidente da França, François Mitteran, Fidel Castro, Mario Soares de Portugal, Primeiro Ministro da Nicarágua e muitos, muitos ministros da Saúde, representantes de OMS, OPS, parlamentares, etc… etc… etc…etc
28. Duas horas depois Arouca saiu satisfeito da sala. Atrás dele, Galvão havia sido convencido pela Chris e por ele a dar entrevista. Galvão tinha acabado de isolar, pela primeira vez no Brasil, o virus da Aids. Graças a um kit trazido de contrabando por Gelly e Peggy Pereira. Assim avança a ciência. Tema de toda negociação salarial e de orçamento em Brasília.
29. Quadra da ASFOC. Futebol de salão. Presidência versus Vigilância. Óculos amarrados na nuca por uma faixa de pano. Aos 5 minutos: cãimbra. Aos 7, substituição. Determina: -“Se for ter mais um jogo, que não seja contra a vigilância e mais; o outro time tem que ter a mesma média de idade que o nosso”.
30. Comissão Nacional da Reforma Sanitária: Cada reunião em um estado diferente. Regresso de Belém: Arouca, Leleco, eu e Chris. Avião ainda no solo. Um pedido do Arouca: -“Chris, vê se consegue um Teacher´s prá nós”. Avião ainda no solo, logo aparece a aeromoça com dois Teacher´s e um vodka (para o Leleco). Os três mosqueteiros no banco da frente e Chris logo atrás. Decola o avião e mais Teacher´s e vodka. E dele vodka e Teacher´s. Em Brasília, ajuda para Leleco descer. No Rio, sempre a salvação do Tabaco para entregar em casa. Antes do vôo iniciar, no solo, em Belém, logo depois do pedido do Arouca, Chris foi até à comissária e segredou. -“Sou enfermeira, tou levando aqueles 3 ali de volta para casa. Um para Brasília e dois para o Rio. São alcoólicos e violentos. Se faltar bebida são capazes de qualquer loucura. Me ajuda? “.
31. Deputado dois mandatos, secretário estadual e municipal de saúde, candidato a Vice-Presidente da República, Presidente da FIOCRUZ e tantos outros títulos mais. Nunca abusou do poder. Nunca passou na frente de ninguém, ainda quando tivesse esse direito. A não ser uma vez, agora, há pouco, quando furou a fila errada e acabou nos deixando cedo demais. Completaria 62 anos. Viva Arouca. Saravá.

Arlindo Fábio Gómez de Sousa
Chefe de gabinete da Fiocruz

Retornar ao topo

Um visionário

Esperou que o Sétimo Congresso se desse
Para só então, dar-se a si mesmo despedir!
Prestidigitador, visionário
Deslumbrava-se com a vida
Com a variedade da experiência humana
Não só a própria, mas a dos amigos, dos conhecidos…

E até de gente que jamais veria
Falava em salvas
Intérprete e autor
Vislumbrou na abertura
O caminho da saúde:
Democracia é saúde,
Desde o centro até a margem,
A inclusão de todos e de cada um!
Ministeriável reiteradas vezes
Secretário municipal, estadual e nacional
Acreditava na luz da palavra, do debate, da participação.

Volta à mãe de todos, à “Terra Brasilis”
A mesma de onde veio Oswaldo Cruz
Em um outro mês de agosto. Intrépido, resignou-se
Para não desmerecer a luta, imolou-se
Dialético, despediu-se…

E assim digno, em silêncio
Adentrou a Imortalidade:
Eloqüente como nunca!
Viva Arouca para sempre!

Armando Raggio, gerente da UGP
Projeto Economia da Saúde – MS/Ipea/DFID

Retornar ao topo

O estadista da saúde

Foi perda de pai, de avô.
Impressionante sensação, já que nossos encontros eram pontuais e não posso dizer que eu estivesse relacionado entre seus amigos mais próximos. A significação, porém, foi de perda de pai e avô.
A saúde teve seu Che Guevara, guerrilheiro firme e terno, na figura brilhante de nosso amigo David Capistrano. Sérgio Arouca, no entanto, é o Grande Estadista da Saúde, sempre foi. A generosidade, a capacidade de congregação e compartilhamento e, sobretudo, a imensa e clara visualização do futuro, a idealização, são marcas do gênio de um estadista.
Todos os que passam pela Avenida Brasil e olham para essa estranha construção em forma de castelo mourisco compreende, mesmo que não saiba que coisa é essa, que se trata de um sonho, de um desvario. Nós sabemos que o castelinho faz parte de um sonho mirabolante de um sanitarista que primava pela capacidade de enxergar o futuro. Em 1985, Sérgio Arouca não só retomou como reimprimiu na Fundação Oswaldo Cruz a marca dessa vocação para o sonho. Cada vez que nos afastamos dela, sabemos bem disso, nós nos tornamos mais um organismo a fazer “ciência institucional”. Cada vez que, ao contrário, nos apropriamos dos sonhos mais altos sonhados pelo guru Ralah Rikota, nos aproximamos dos desejos da população, dos desejos da Humanidade, enfim, dos desejos.
Uma linda amiga escreveu, assim que soube da morte de Arouca: “Ele leva uma parte de cada um consigo, mas deixa-se inteiro em todos nós”. Como ele mesmo gostava de dizer: “Saravá!”.

Caco Xavier, jornalista da Fiocruz

Retornar ao topo

Representante de peso na OMS

A última vez que nos vimos foi em janeiro deste ano, quando você veio a Genebra liderando a delegação do Brasil junto ao Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde. A notícia da sua nomeação como representante do Brasil na OMS foi para todos uma enorme alegria: O Brasil teria uma representação de peso no órgão máximo da saúde mundial. Mas para os que trabalhavam na OMS isso foi um prazer redobrado: iríamos poder desfrutar, por alguns dias, da sua presença, inteligência e alegria de viver. A foto ao lado, tirada pelo Mario dal Poz e que nos retrata junto com o José Noronha, transmite esta alegria que todos compartilhamos naqueles gelados dias do inverno suíço. Mal sabia eu que esta seria a última ocasião em que nos veríamos. A notícia de sua morte neste sábado 2 de agosto de 2003, aos 61 anos, é de uma terrível crueldade. Perde a saúde mundial, perde o Brasil, perde a Fiocruz – somos todos seus órfãos.
Como esquecer aqueles dias de 1985? Sua posse como Presidente da Fiocruz foi o estopim de uma verdadeira revolução institucional. Uma revolução científica, organizacional, tecnológica, ética e, sobretudo, política – política com um imenso “P” maiúsculo – que se desdobra e frutifica até os dias de hoje. Os passos e iniciativas que você imaginava, propunha e liderava, dizendo: “vamos pensar grande?” deixaram de ser apenas o sonho da sua liderança e da equipe jovem e aguerrida que você congregou. Seu sonho transmutou-se hoje no Estatuto da Fundação Oswaldo Cruz, aprovado pela Presidência da República, instrumento maior do sólido arcabouço institucional que guia e protege, como você tanto queria, uma das maiores instituições de saúde pública das Américas.
Repouse em paz, irmão e companheiro. Você se junta agora àqueles que costumávamos invocar por proteção nos momentos mais difíceis – como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Você tem a grandeza deles. E você tem e sempre terá o nosso reconhecimento, por tudo que fez em prol da saúde – e pela amizade que tivemos o privilégio de ter.

Ferney-Voltaire, domingo, 3 de agosto de 2003

Carlos Morel foi diretor do Programa de Doenças Tropicais da Organização Mundial de Saúde (OMS)

Retornar ao topo

Arouca foi

  • um pesquisador que nos ajudou a entender melhor as complexas relações entre a saúde e seus macro-determinantes;
  • um docente que teve um papel decisivo na formação de milhares de profissionais de saúde no Brasil e na América Latina;
  • um político que engajou toda uma geração de sanitaristas e cidadãos na luta pela garantia do direito à saúde e
  • uma pessoa que cativou a todos que o conhecemos por sua simpatia sorridente, seu dinamismo incansável e seu companheirismo irrestrito.

Cesar Vieira é consultor da OPAS

Retornar ao topo

Um dedicado aluno de tai chi

Sérgio, aluno e companheiro do tai chi,
Você veio fazer tai chi (TC) conosco no Jardim Botânico, no grupo do Estevão, em meados de 1999. A gente não te conhecia e nem sequer sabia da tua importância pública como médico sanitarista. Você era simplesmente um aluno desengonçado e sem jeito: até parecia que a prática do TC seria muito difícil para você. Mas no decorrer das aulas, dia a dia, a tua humildade e perseverança foram eliminando o que seriam as limitações físicas e você veio a ser o aluno mais dedicado. Nós todos do grupo tivemos a felicidade de conviver, esse tempo todo, com tua maravilhosa luz interior e conhecer melhor ainda, tua postura em insistir que o TC, como prática preventiva de saúde, deveria se estender em um aprendizado popular.
Teu corpo físico não deu conta, mas tudo que você absorveu através do TC (energia potencializada e trabalhada) estará com você na eternidade. O Jardim Botânico, o lago, aquela garça que assistia nossas aulas e todos o grupo Art’Chi sentiremos muitas saudades de você. Obrigada por ter estado conosco.

Denise Queiróz, professora de tai chi chuan

Retornar ao topo

Exemplo de humanidade

Sergio Arouca representou a todos os que tiveram oportunidade de conviver com ele, mais longe ou mais perto, um exemplo de humanidade, compromisso social, capacidade de formular propostas, e uma pluralidade e generosidade como ninguém. Em toda a sua trajetória acadêmica, como gestor e como político, foi incansável na luta por melhores condições de saúde, pela democratização do país e das instituições, e por políticas publicas efetivas, comprometidas e com controle social.
Deixa como legado uma responsabilidade grandiosa para todos aqueles que compartilham de seus ideais. Não apenas da VIII à XXII Conferências Nacionais de Saúde, mas todos os antecedentes que associavam saúde e democracia, frutos de sua trajetória e da luta que com competência e liderança mobilizou o Brasil inteiro.
São dias tristes. Sentiremos uma falta impossível de suprir, mas temos a obrigação de honrar sua memória, seus ensinamentos e não arredar pé da luta por um Brasil mais justo.

Direção da ENSP

Retornar ao topo

Arouca agora é do Orun

Profundamente humano, Sérgio Arouca, contrariando o poeta não era apenas 350, ele tanto foi inquantificável, que é agora um imortal. E a cadeira dele na Academia dos Amantes do Povo do Brasil, lamentemos, dificilmente será ocupada por alguém à altura dele.
Com a calma no jeito de ser, a sabedoria de mais ouvir para apenas falar na hora certa e a coisa que todos queriam ouvir e o riso franco que tão bem distingüem os boas praças, Arouca, além de todos os feitos específicos diretos relacionados à reconceituação da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), teve a decência que poucos profissionais têm e decidiu ser um médico do povo brasileiro. Claro que ele contou com parcerias, mas ele é o pai da idéia do Sistema Único de Saúde (SUS). E esta decisão foi tomada ainda quando não estava na moda se falar em médico da família.
Quando os teóricos do terceiro setor estavam tomando pé na discussão sobre o caráter inescapável da inclusão social, ele já havia decidido orientar a formação e contratar cooperativas formadas por excluídos das comunidades vizinhas a Manguinhos.
Quando os artigos nos jornais denunciavam nos artigos a ameaça representada pela fuga dos cérebros, ele reintegrou os 13 cientistas cassados, uma prova de vigor político do grande articulador Arouca. A notícia de que Arouca, ao sentir a proximidade da chamada hora fatal, preferiu ir para a casa e esperá-la ao lado dos familiares e amigos no aconchego do lar, é atitude que só confirma a coerência desse sanitarista.
Sanitarista profundamente identificado com a vida nacional, principalmente com a promoção da qualidade da dos mais pobres, Arouca merecia viver mais para tomar mais pingas puras, de que tanto gostava; para fazer rir a todos que com ele desfrutavam a sua agradabilíssima companhia. E viver mais para que, ele, que sempre foi tão cortês com quem quer que fosse, pudesse esquecer a grosseria da atitude de um tal prefeito – melhor não dizer o nome dele – que, acostumado a meter os pés pelas mãos, como é comum ao baixo clero da política, usou um email da forma que usou, quando Arouca estava, pela segunda vez, começando a colocar a saúde da cidade do Rio de Janeiro nos eixos. O sol fraco e o vento frio que tomaram conta do Rio de Janeiro na manhã de domingo, suspeito, foram uma conspiração dos deuses e dos astros, um aviso de que uma perda importante ocorrera, a morte de Arouca.
Vá em paz, Arouca, que o Brasil só tem motivos para se orgulhar de ter tido um filho, um companheiro de sua estirpe. Vá que você será bem recebido no Orun (sincreticamente, céu em Yourubá), aonde espero coloquem à sua disposição um carro aberto, para que você repita os desfiles que costumava fazer em Ribeirão Preto. Uma das histórias felizes que povoam o campus de Manguinhos, para guádio dos que participam da grande família Fiocruz.
Como lá em minha tribo, os yorubás – um povo que ajudou o Brasil a ser do jeito que somos – quando alguém morre, não nos vestimos de preto, usemos branco em respeito ao grande brasileiro Sérgio Arouca. E que fica a sugestão de que Manguinhos passe a ter o nome dele, de forma a que ele jamais possa ser esquecido pelas próximas gerações.
E como Arouca não era chegado a lamúrias, façamos um brinde a ele com um purinha legítima, só para ver viva de novo em minha mente a imagem dele cofiando o bigode antes de saborear a mais nacional das bebidas, a cachaça.

Edmilson Silva, jornalista, baiano, era repórter do Jornal do Brasil na década de 80 quando foi convidado por Sérgio Arouca para trabalhar na Fiocruz. Veio, viu e também comprou a briga de Arouca: saúde como direito de cada cidadão brasileiro. Com passagens pela Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo e O Globo, Edmilson é assessor de imprensa do Hospital do Fundão, no RJ

Retornar ao topo

Um imenso latinoamericano

Fue muy dolorosa la muerte de Sergio y sin embargo continúa entre nosotros. Al fin y al cabo era un inmenso latinoamericano.
Un abrazo.

Edmundo Granda, médico da Opas

Retornar ao topo

Reforma sanitária: processo civilizatório

Con Sergio, en América Latina, aprendimos que la Reforma Sanitaria no era únicamente un proceso técnico sino, como él decía, se trataba de un proceso civilizatorio que entrañaba un profundo cambio humano. La Reforma Sanitaria, se asienta en una nueva filosofìa ética y entraña un amplio compromiso con los derechos humanos y con los derechos ciudadanos. La Biblioteca Virtual Sergio Arouca constituye un recuerdo constante de su pensamiento y voluntad de trabajar por la salud de Brasil y America Latina.

Edmundo Granda, consultor da Organização Mundial de Saúde

Retornar ao topo

Ficamos órfãos

Ficamos todos órfãos quando pessoas como nosso querido Arouca se vão para muito longe. Foi assim com o Betinho, o Jobim, a Elis e tantos outros. Pessoas que tinham autoridade – eram autores. Nos impunham apenas a beleza, a generosidade e a humildade de suas criações.
Nós da Fiocruz ficamos mais órfãos que os outros. Quase tanto como seus próprios filhos. Estou aqui na minha sala olhando para o jardim do Cesteh e choro a saudade que sinto. Uma saudade egoísta. Não terei mais oportunidade de aprender o que só o Arouca ensinava aqui na Fiocruz – olhar generosamente os outros.
Choro de raiva porque ele foi teimoso em partir e não estará na festa dos 25 anos da Asfoc. Choro porque ele foi logo agora que o Lula ganhou a eleição. Choro o privilégio de ora sentirmos essa dor maior. Dói mais porque tivemos mais o tempo dele. Dói mais porque são mais lembranças que temos dele.
Tantos abraços no Castelo. Como abraçamos o Castelo nesses tempos do Arouca – para defender a democracia, para defender a Fiocruz, para defender o próprio Arouca. Ontem, eu não queria ter abraçado o Castelo!

Fátima Pivetta, pesquisadora da Fiocruz

Retornar ao topo

Filho ilustre

Se foi justa, se foi significativa, porque decorreu de iniciativa oficial e ato do Prefeito Gilberto Maggioni, o médico sanitarista, Sérgio Arouca, recentemente falecido, teve distinção merecida, na sua cidade natal. Um Decreto batizou uma importante Unidade de Saúde com seu nome, em sessão solene, realizada no Salão Nobre da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.
O advogado Sérgio Roxo da Fonseca falou pela geração do antigo Ginásio do Estado, colega e contemporânea de Sérgio Arouca, seguido pelo Secretario Municipal de Saúde, Luiz Carlos Raya, seguido pelo Coordenador dos Institutos de Pesquisas do Estado de São Paulo, José da Rocha Carvalheiro.
O depoimento de cada um penetrou a legenda do nome, a vida moça, aluno da Faculdade de Medicina, a tese de mestrado, sua ida para a UNICAMP, depois para o Rio de Janeiro. Sua militância política, sua atuação no comando da FIOCRUZ, sua ideologia política, seu proselitismo, o deputado federal, o Secretario de Saúde do Rio de Janeiro, o candidato a Vice Presidente da República.
É orgulho dizer-se companheiro de ginásio, de colégio, mesmo correndo o risco da acusação de ser um carona, desejoso de entrar de qualquer jeito-maneira nesse comboio da história, que é a legenda meritória desse brasileiro, que morou ali na rua Florêncio de Abreu, mas, se o risco existe, a verdade é de ter sido companheiro de ginásio, companheiro de colégio, companheiro de Parlamento Estudantil, local da vibração preparatória, para as tribunas e as trincheiras da vida.
Convenço-me, porém, que se justa, que se significativa, ainda não é suficiente, diante da necessidade de divulgar a obra majestosa, realizada por Sérgio Arouca, especialmente no campo da saúde pública.
O depoimento do Secretário Raia foi feito assim, como sempre o faz, carregando, de improviso, o coração, a alma e a consciência da verdade sua. Do Coordenador, Carvalheiro, igual. Do advogado, Sérgio, igual. Mas, naquele recinto fechado, até, as paredes se converteram em guardiãs da memória do fato. Mas, socialmente, a cidade de Sérgio Arouca precisa divulgá-lo, mais e mais, até para que as pessoas, que freqüentem aquela Unidade de Saúde, saibam exatamente a grandeza desse brasileiro, considerado o maior sanitarista do século XX.
A moderna estrutura de atendimento à saúde pública no Brasil tem a responsabilidade de sua liderança, com a Constituição-cidadã de 1988 consagrando – “ A saúde é direito de todos e dever do Estado …”
É preciso que médicos, testemunhas ou parceiros, e os contemporâneos, testemunhem para registro, seja com entrevistas, artigos, gravação de depoimentos, no Museu de Imagem e Som, cinema, rádio, televisão, concurso público oficial sobre sua obra, o significado da vida desse brasileiro, cujo reconhecimento divulgado, como homenagem de sua cidade natal, deve antecipar a qualquer outro foro, entidade ou cidade, já que ele, Sérgio Arouca, internacionalmente, deixou o legado de seu nome, de seu trabalho, de sua competência, talento e dedicação.
A homenagem, evidentemente, não deseja gerar idolatria. Ela traça o perfil de um exemplo de homem, engajado no modo e no espírito de seu tempo E, com Sérgio Arouca, antes do talento na profissão que abraçou e a enobreceu, tem a sua posição ideológica cultivada com absoluta coerência, durante toda sua vida, como homem de esquerda.
Sua identificação com os graves problemas nacionais, desde de sempre, fê-lo ardoroso defensor de humilhados e ofendidos. E, a sua participação política tem o traçado da figura solidária e presente.
A cidade precisa projetar o orgulho, que um filho desse tamanho lhe deixa, para honrá-lo, lembrá-lo, fazê-lo referência para as novas gerações.
Era um companheiro lá do Ginásio, era um companheiro lá do Colégio. Sua família é dali, da rua Florêncio de Abreu.

Feres Sabino foi Procurador Geral do Estado de São Paulo no Governo Franco Montoro

Retornar ao topo

Um gigante da saúde pública

Os tempos ainda são de semeadura, já que os frutos de nossa luta ainda não floresceram como gostariam os nossos melhores sonhos. Entretanto, ainda em meio a essa viagem nebulosa, mas firme com a bandeira civilizatória da democracia e da inclusão cidadã, temos tido perdas irreparáveis. As baixas de David Capistrano e (hoje) de Sérgio Arouca nos fazem muito, muito tristes.
A vida vem associada a esse risco inevitável. Mas de vez em quando, e hoje é um desses dias, a gente se sente desamparado, sozinho e impotente diante da grandeza da tarefa que esses gigantes da saúde pública enfrentavam todos os dias com entusiasmo e dignidade.
Manter essa luta, que é por todos os brasileiros, é uma tarefa certamente mais difícil sem o brilho das presenças do Davi e do Arouca junto de nós.
Cada conquista da luta pelo direito à saúde será sempre uma singela homenagem a esses amigos que nos acompanharam até aqui e agora, com certeza, nos mobilizarão pelo seu exemplo enquanto estivermos na frente de batalha.
Saudade, camaradas… muita saudade…

Flávio Magajewski

Retornar ao topo

Dignidade e espírito público

O Brasil perdeu um dos seus ícones de dignidade e espírito público. Uma vida pública exemplar, totalmente voltada para a promoção da qualidade dos brasileiros mais pobres e necessitados.
Médico sanitarista, deputado federal de inúmeros mandatos, fiel servidor da nação e escudeiro da sociedade brasileira, Sérgio Arouca teve uma vida pública irretocável, dedicada no seu cotidiano ao Brasil que sonhamos: democrático, solidário e digno.
Na sua luta contra as gritantes diferenças sociais e econômicas da sociedade brasileira, Arouca foi um dos principais formuladores do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na realidade, ele sempre teve uma leitura cultural e antropológica dos problemas da saúde do povo brasileiro. Trabalhou sempre com a saúde preventiva, mais voltada para o bem-estar das pessoas do que para a doença propriamente dita. Saúde, na sua militância sanitarista, estava ligada ao trabalho, saneamento, lazer e cultura.
Enfim: foi um brasileiro que cultivou relações humanas saudáveis em todos os sentidos. Estamos, portanto, profundamente sentidos pela perda deste brasileiro de espírito elevado.

Gilberto Gil, Ministro da Cultura

Retornar ao topo

Amiga poeta

E então amigo? Agora você vai entender toda aquela conversa que tivemos naquele dia… Eu falava, falava feito uma “matracatrica” e você só ria, só ria…
Arouca, quero te agradecer do fundo da minha alma as coisas boas que ganhei de você. Você falava “temos que recuperar a nossa capacidade de indignação. Temos que nos espantar…”
Fique certo, aprendi a me espantar e me indignar com certas coisas…
Você, amigo, produziu e ainda está produzindo sentido para a minha vida.
É um orgulho poder dizer “Arouca? Ele era meu amigo”. Raro amigo.
Não vou contar para ninguém, pode ficar tranqüilo, do dia em te ensinei a dançar “Lambada” na Estudantina. Que falta de talento tinha a nossa dupla! Juro que não contarei isso para ninguém!!!
Amigo, fique certo de uma coisa, multiplicarei seu pensamento, farei voar suas idéias até onde elas possam ir…
Agora, pode me dizer uma coisa: eu estava ou não estava certa a respeito daquelas idéias sobre a espiritualidade, que você achava “coisa de louco”?

Helena Rego Monteiro, poeta amiga e fiel eleitora

Retornar ao topo

Amigo nas grandes batalhas

Não há muito pra dizer nessas horas. Mando apenas o meu abraço e de toda a família Lago para a família Fiocruz, que deve estar com aquela dor na alma que as grandes perdas trazem. O Brasil fica um pouco mais pobre, mas acho que papai vai gostar pra caralho de rever o amigo e companheiro de muitas e boas batalhas.

Graça Lago, filha de Mário Lago

Retornar ao topo

Una pérdida para la Humanidad

La muerte de Sérgio Arouca ha sido una pérdida para Brasil y para la Humanidad. Con relación a Cuba y en particular al IPK [Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri], Sérgio fue quien inició las relaciones con Fiocruz e inclusive firmamos un convenio marco de cooperaciones. Les pido le trasmitan nuestras condolencias a sus familiares y seguiremos adelante trabajando por la salud de nuestro pueblo y de la Humanidad, siguiendo los sentimientos que Sérgio compartía con nosotros.

Gustavo Kouri, diretor do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri (Cuba)

Retornar ao topo

Escolas médicas

Do Chile envio meus mais sinceros e sentidos pêsames. Conheci Arouca em 1968 num Congresso da Abem, em Campinas, quando ele “arrebentou” com um trabalho crítico sobre as propostas de mudanças curriculares das escolas médicas. São muitos anos e muitas lágrimas. Lamento não poder estar presente para uma despedida final.

Henri Jouval, diretor da Opas em Santiago do Chile

Retornar ao topo

Opiniões contrárias

Qualquer coisa que eu diga é sempre pouco mas vou tentar dizer algo:

“Sergio Arouca, com a habilidade especial que DEUS lhe deu, sempre conseguia que suas idéias acontecessem, embora houvesse opiniões contrárias. Diga-se de passagem, que não era um homem prepotente, mas, sim que seus projetos eram sempre os melhores”

Herminia Coelho, foi secretaria de Arouca na presidência da Fiocruz

Retornar ao topo

Homenagem da Câmara do RJ

Transcrição de nota taquigráfica da homenagem prestada a Sergio Arouca no plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Presidente (Ivan Moreira) – A Presidência passa a palavra, pela ordem, ao Vereador Eliomar Coelho. Vereador Eliomar Coelho – Sr. presidente dos trabalhos nesta sessão, vereador Ivan Moreira, srs. Vereadores presentes, sras. vereadoras presentes, funcionários, imprensa e companheiros e companheiras que ocupam as dependências das galerias, eu queria solicitar o registro nos anais dessa Casa da nossa manifestação de pesar pela morte do grande sanitarista Sérgio Arouca, que faleceu no sábado passado e que teve seu corpo cremado no domingo.
Ele foi exposto na Fundação Oswaldo Cruz, da qual foi presidente e se considerava como um homem público, um sanitarista ligado à Fiocruz, muito mais do que um deputado federal, muito mais que um militante político. Eu acho que o Brasil perdeu uma das grandes, senão uma das maiores referências na área de saúde. Uma referência de luta, referência de resistência, referência de esforços desmedidos no sentido de garantir à população brasileira o tratamento e os recursos que a saúde poderia oferecer a essa população brasileira.
O sanitarista Sérgio Arouca foi deputado federal. Foi secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Foi secretário de Saúde do Município do Rio de Janeiro.
De maneira que esta Casa não poderia, de forma alguma, passar sem manifestar o seu pesar por essa grande perda. Uma perda que o Brasil vai com certeza sentir daqui para frente e, principalmente, aquele pessoal ligado à área de saúde.
Então, sr. presidente, solicito um minuto de silêncio desta Casa em memória do sanitarista Sérgio Arouca.

Ivan Moreira – A Presidência acolhe a proposta do nobre vereador Eliomar Coelho e determina um minuto de silêncio pelo falecimento de nosso grande e estimado deputado e sanitarista Sérgio Arouca

Retornar ao topo

Perda para as Américas

Em nome da Organização Pan-americana (Opas) no Brasil e dos seus funcionários, externo o reconhecimento pela efetiva cooperação entre esta instituição e Sérgio Arouca. No momento que o Brasil perde esta expressiva figura da saúde pública, homem sempre dedicado ao bem comum, não poderíamos deixar de manifestar junto a esta instiuição, que também retrata a figura de Sérgio Arouca, para que possamos cultuar juntos a memória do grande sanitarista.
Todos nós somos devedores da profícua ação política, técnico-cientifica de Sergio Arouca, esperando que possamos suplantar como era do seu desejo essa enorme lacuna, que nos legou. Essa foi uma perda irreparável para as Américas.

Jacobo Finkelman, representante da Opas/OMS no Brasil

Retornar ao topo

Crônica

O Rio – leia-se o Brasil – ficou mais pobre com a perda do paulista Sérgio Arouca, grande carioca não nascido aqui, como o gaúcho João Saldanha. Foi embora cedo. Com tanto fdp neste país pra morrer, logo ele, sacanagem… Fui ao velório no castelo da Fiocruz, que salvou da falência na sua gestão. Legítimo sucessor de Oswaldo Cruz, gênio da raça (licença, Aldir Blanc, também médico).
Eliana Caruso me disse que Oswaldo Cruz ia de barco da praça Mauá até o Castelo, o mar era perto, eu não sabia. O resto é aterro. Um carioca nascido há 200 anos ficaria pasmo com toda aquela extensão, as favelas, a Linha Vermelha, onde voavam gaivotas, com o mar rechaçado para fora dos seus domínios, contrariando o projeto original de Deus. Será que por isso, entre outras coisas, Ele nos castigou?
Estava todo mundo no velório, inclusive todas as tribos marxistas, do pessoal do PPS ao velho Partidão, inclusive os cérebros argentinos que ele resgatou do peronismo e os brasileiros que resgatou da ditadura. Comunista, filiou-se ao Partidão aos 16 anos, mesmo antes de virar médico, coisa insólita neste país em que se troca de partido como se troca de cueca.
“Impressionante” – comentei com minha mulher que, por influência de Arouca, largou a endocrinologia para se dedicar à Saúde Pública por razões ideológicas (azar o meu, ela estaria rica e eu poderia viver às suas custas). “Se o Estado tirasse partido – literalmente – da capacidade intelectual desse pessoal, a Saúde Pública no Brasil seria uma maravilha”.
“É” – me disse ela – “se houvesse mais grana para a saúde e se eles não brigassem tanto entre si”.
Companheiro Arouca, ainda do lado de cá, levanto meu copo num brinde a você.

Jaguar

Retornar ao topo

Tan valioso compañero

Hace pocos minutos nos enteramos del fallecimiento del compañero Sérgio Arouca y no qusisimos dejar pasar ni un minuto sin escribirles a ustedes con nuestro sentido pésame.
Quienes tuvimos la fortuna de compartir el nacimiento de la medicina social en América Latina y conocer a Sérgio, su lucha e ideales, sentimos muy cerca la desaparición de tan valioso compañero, una figura descollante de nuestro movimiento.
Por ser brasileño y por sentirnos tan cerca de el país hermano, pensamos hacereles llegar a todas y todos un abrazo muy fuerte y con el nuestra solidaridad por esa pérdida.

Jaime Breilh, diretor do Centro de Estudios y Asesoría en Salud (Equador)

Retornar ao topo

Construindo a saúde coletiva

Sérgio Arouca inundou de dignidade a saúde pública brasileira. Ajudou-nos a conceber e construir a saúde coletiva e, sem nenhum favor, poderemos afirmar que o campo da saúde no Brasil tem duas épocas: antes e depois de Sérgio Arouca. Estamos todos muito tristes mas sempre ligados no pensamento crítico e livre do nosso querido companheiro de viagem da Reforma Sanitária Brasileira e da construção do campo da saúde coletiva na América Latina.

Jairnilson Paim, médico, professor da UFBA e ex-aluno de Sérgio Arouca.

Retornar ao topo

Ensp e Arouca

A chegada de Arouca à Ensp, sem lugar a dúvidas, mudou os rumos e sua dinâmica, como já foi decantado em todos os foros recentes. A sua partida sem dúvida deixou um vazio em todos aqueles que tiveram o privilégio, em maior ou menor intensidade, de conviver com ele.
Não me caberia discorrer, nesta oportunidade, sobre as qualidades ou sobre minha convivência com Arouca, até pelo fato de ter muitas pessoas que tiveram uma relação muito mais estreita com ele. Apenas quero destacar o que significou, como dizem no jargão, “tomar o Castelo com ele em 1985”, logo após o convite feito pelo Ministro Carlos Santana pelo telefone para comparecer a Brasília e que ele atendeu na sala do CD da ENSP ao cair daquela tarde de 26 de abril de 1985, imortalizada na fotografia que a Chris Tavares redistribuiu no início deste ano. O delírio coletivo e contagiante estiveram sempre presentes em todas suas atividades, sonhando para o bém. Foi pelas mãos de Arouca que posso hoje confessar, para muitos pela primeira vez, que tive meu primeiro contato com essa área temática que abracei desde que ele me provocou e me fez assumir a Direção de FarManguinhos em 1985, sem jamais em momento anterior ter tido qualquer contato com a área farmacêutica, paixão súbita e que me levou a toda uma trajetória profissional nunca premeditada.

Jorge Bermudez, pesquisador e ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública

Retornar ao topo

Um nome do século 20

Arouca vive não apenas na memória dos amigos: inscreveu seu nome, com destaque, na história da saúde pública do século 20. Ter exercido cargos públicos relevantes perde de goleada para o papel desempenhado como coordenador da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Esse momento mágico do Movimento Sanitário brasileiro teve em Sérgio Arouca a liderança indispensável a uma conquista desse porte: a formulação do SUS.
Conheci Arouca, ambos jovens, em Ribeirão Preto. Eu, recém-formado na Medicina da USP, em São Paulo, chegava a Ribeirão para ser assistente de Parasitologia. Arouca era uma das mais expressivas lideranças dos estudantes na época. Enfrentava Zeferino Vaz, reitor da USP local, já com a coerência que nunca abandonou. Veio a Ditadura e nos perdemos de vista. Reencontramo-nos quando, em Brasília, o ministro da Saúde do governo militar (Geisel) acolhia adversários do regime sem restrições desde que para exercer atividade técnica. Nunca deixamos de estar em contato: quando Arouca assumiu a coordenação da VIII Conferência, incorporei-me ao esforço do movimento sanitário na tentativa de mudar o dramático quadro.

José da Rocha Carvalheiro, epidemiologista, coordenador do projeto Inovação da Fundação Oswaldo Cruz.

Retornar ao topo

Reforma sanitária

Fiz o que pude, como presidente da Abrasco, para homenagear Sérgio Arouca ainda em vida, durante o Abrascão. Organizamos em nosso Congresso um grande debate que ia ser presidido por mim com o tema “A reforma sanitária brasileira: uma agenda concluída?”, onde esperava ouvir, junto com os congressistas, o que me parecia ser seu último pronunciamento público. Fui um dos primeiros a saber da gravidade de sua enfermidade e mantive-me discreto, enquanto acompanhava sua luta. Minha intuição clínica não se foi com minha vida de sanitarista. Cada vez que o via, conversávamos sobre os destinos da reforma sanitária, sobre o entusiasmo de esperança que nos banhava os novos tempos, sobre “o novo ciclo de desenvolvimento do SUS” e a repactuação que será construída na 12ª Conferência Nacional de Saúde, por cuja antecipação foi responsável. Feita a cirurgia e confirmado o seu curto horizonte, tangenciávamos, com cuidado, seu padecer. Não se resignara, tratava de tocar sua vida com a energia e o vigor que sempre o marcaram. Ainda havia muito que percorrer na construção de um Brasil mais justo e próspero.
Na última vez que estivemos juntos, sabíamos que não teria mais condições de ir ao Congresso. Conversamos mais uma vez sobre a Conferência e falou-me de quanto se empenhava para que Eduardo Jorge assumisse a liderança desse esforço. Fingimos ser possível gravar sua fala para o grande debate. Tínhamos certeza que só um milagre permitiria. Via a morte a cercá-lo com suas teias e com sua foice que se agigantava. Marquei uma visita, no hospital, para o sábado, na véspera do Congresso. Domingo, eu partiria para Brasília. Lúcia telefonou-me desmarcando. Vi que a hora se aproximava. Percorri durante a semana os corredores e salas da Universidade de Brasília, emocionado com o entusiasmo, vitalidade e criatividade de meus companheiros da saúde coletiva. Via pulsar em cada face o muito de esperança e força que Sérgio deu ao Brasil e aos mais distantes da sorte ou destino. A cada hora, minha alma se angustiava. Via a sombra da morte por toda parte. Calava-me. Sérgio segurou a sua foice até que eu pudesse encerrar o Congresso e ir brindar com alguns companheiros da comissão organizadora, liderada por Ana Costa, no Pontão, assistindo ao por do sol de Brasília. Tivemos tempo de erguer dois brindes ao sucesso do Congresso e à convicção que tínhamos mantido firme o rumo da Saúde Coletiva e reafirmado nossos compromissos com a reforma sanitária brasileira. Foi o sol se por e o telefone tocar. Sérgio não conseguira mais postergar a chegada da “indesejada das gentes”. Poupara nossa celebração, que tanto inspirou.
Na placa que lhe oferecemos durante o Congresso, fiz inscrever uma estrofe do poema Meu povo, meu abismo, de Ferreira Gullar.
“Meu povo é meu destino
meu futuro:
se ele não vira em mim
veneno ou canto –
apenas morro”
Arouca vive! A luta continua e a vitória é certa!

José Noronha, pesquisador e sanitarista da Fiocruz

Retornar ao topo

Amargo regresso

Ao regressar ao Brasil na terça-feira, cheguei atrasado para poder ver pela última vez o amigo Sérgio Arouca e poder prestar minha homenagem ao companheiro, que considero haver contribuído em forma mais significativa para o movimento sanitário brasileiro.
Acompanhei a trajetória de Arouca desde o início da década de 70 e, em 71, ao enfrentar-se com uma crise em sua universidade, em Campinas, o convidamos a participar de um programa que organizamos em Washington, na Opas, – “Taller de Educación en Ciencias de la Salud” – quando convivimos no dia a dia durante mês e meio. Sua participação foi brilhante e logo destacou-se entre os 25 participantes daquele evento, como um verdadeiro lider.
Ainda na Opas, acompanhamos sua atuação em Nicarágua, durante o Governo Sandinista e depois em Cuba, em consultorias temporárias em planificação da saúde. Porém no Brasil, sua própria base, foi aonde ele exerceu mais decisivamente sua liderança, primeiro na recuperação da Fiocruz, logo na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e depois no Congresso Nacional. Destas atividades, já sobejamente analisadas por outros companheiros, que o acompanharam mais de perto, destacam-se como suas maiores realizações a VIIIª Conferência Nacional de Saúde, a formulação do SUS, discutida naquela oportunidade, e a participação na redação do capítulo de saúde de nossa Constituição.
A Conferência que pronunciou, no principio do corrente ano, na Abertura dos Cursos da Fiocruz, registrou em forma primorosa o processo de geração e implantação do SUS e, para mim, ficou a impressão de uma grande identidade com os princípios de Alma-Ata, podendo servir de modelo para o resto do mundo, como a mais próxima concretização dos ideais da Atenção Primária da Saúde.
Por tudo isto, considero que não perdemos Arouca, sua partida se deu em termos materiais e deixamos de contar com seu convívio, mas sua presença espiritual permanece e a consistência de seu pensamento enriqueceu-nos a todos. Ficamos possuidores destas idéias que ainda perdurarão por muito tempo e que poderão ser de grande utilidade para a melhoria da saúde de nossos povos.

José Roberto Ferreira, médico e assessor internacional da Fiocruz.

Retornar ao topo

Líder predestinado

Sergio Arouca foi um líder predestinado que viveu durante toda sua existência a frente de seu tempo, havendo influenciado significativamente a saúde pública de seu país.
Do questionamento da medicina preventiva a uma brilhante atuação no cenário latino-americano e, da recuperação e democratização da Fiocruz à liderança do movimento sanitário e da VIII Conferência Nacional de Saúde, com que assentou as bases do Sistema Único de Saúde, Arouca deixou a marca de sua inteligência, iniciativa criadora e espírito público.
Foi ao mesmo tempo um homem igual aos outros, identificando-se com os mais pobres com a mesma simpatia e seriedade com que tratava seus pares a nível parlamentar. No âmbito da Fiocruz, seu habitat preferido, foi sempre o mais querido de seus servidores.
E, por haver estado à frente de seu tempo, sua obra permanecerá viva ainda por muito tempo.
Vanglorio-me de haver sido seu amigo…

Jose Roberto Ferreira, assessor internacional da Fiocruz

Retornar ao topo

Retrato do calendário

Arouca,
Quando o Tom partiu, o Chico revelou que compunha para o Maestro. Quando você, há muito tempo atrás, me confiou uma tarefa, mesmo à distancia continuava a desejar sua aprovação.
Hoje, que paradoxo, você me parece mais perto. E aquele seu retrato do calendário, espalhado por todos os cantos da sua Fiocruz, fala com cada um de nós, e me diz o que quero ouvir.
PS. Se caso um dia, bem por acaso, você lembrar de mim, que seja daquela garota que se “apaixonou” pelo Professor Samuel Pessoa.

Keyla Belízia Feldman Marzochi, pesquisadora da Fiocruz

Retornar ao topo

O símbolo do nosso compromisso

O mundo mais pobre pelo fim da força criadora de nossa história. A tristeza.
O impulso para trabalhar mais e mais pela realização do seu, há tempos nosso, sonho.
O consolo.
O exemplo para todos nós da abnegação, alegria e garra de como isso deve e pode ser feito.
Arouca.

Lain Pontes de Carvalho é diretor do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM), unidade da Fiocruz em Salvador

Retornar ao topo

Doutor em saúde pública

É com grande pesar que apresento sinceras condolências pela perda do notável médico sanitarista e doutor em saúde pública Antonio Sérgio Arouca, que ao longo de sua vida prestou relevantes serviços ao país. Registre em meu nome e no da UnB nosso sentimento de solidariedade.

Lauro Morhy, reitor da UnB

Retornar ao topo

Política como prato principal

Do Arouca guardo alguns momentos inesquecíveis. Tinha acabado de chegar na Fiocruz e acompanhei com o peito estufado de tanto orgulho em ter como presidente uma pessoa como o ele. Chegou e deu jeito de reintegrar os cientistas perseguidos pela ditadura.
Outra lembrança bonita é, à noite, depois de um dia de intensas atividades na câmara dos deputados, nos encontrávamos no Carpe Diem em Brasília, e seguíamos até altas horas discutindo calorosamente, o mesmo assunto de todo o dia: política. Agora, o que mais me tocava era a atenção e o respeito que nos dedicava em nossas discussões institucionais dentro e fora da Associação de Servidores da Fiocruz.

Leila Mello, diretora de recursos humanos da Fiocruz

Retornar ao topo

Inspirando pesquisadores

Quero, em nome dos professores do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, expressar a dor e o mais profundo pesar pela perda do companheiro, colega e líder Sérgio Arouca.
Arouca, como todos o chamávamos, foi um dos maiores pensadores da saúde coletiva brasileira. Sua obra prima, o Dilema Preventivista, rompeu paradigmas e inspirou toda uma geração de pesquisadores tendo sido decisiva para a constituição do campo da saúde coletiva. Como um dos líderes do movimento da Reforma Sanitária Brasileira contribuiu para com a definição das principais diretrizes daquele projeto.
Seu brilhantismo, afeto e carisma contribuíram para com a aglutinação de forças em torno dos ideais que relacionavam a saúde com a democracia. Idealista, incansável e criativo, Arouca foi um parlamentar de atuação expressiva na tarefa subseqüente de implantação do SUS em cenários muitas vezes desfavoráveis. Seu pensamento, sua obra e seus ideais estarão sempre vivos entre nós.

Ligia Maria Vieira da Silva, diretora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia

Retornar ao topo

Uma revolução na Fiocruz

Os que o conheceram têm-no como amigo, homem culto, aguerrido, batalhador, formador de opinião, que soube com sua humildade e perseverança, congregar amigos, colaboradores em prol da saúde, tanto no âmbito nacional, quanto mundial, considerando a revolução instituída por ocasião de sua estada na Fiocruz, bem como a liderança comprovada ao ser nomeado como representante do Brasil na Organização Mundial de Saúde.
O seu passamento neste sábado, 2 de agosto, deixa uma lembrança, um vazio no coração de todos nós que sempre o admiraram.
Esteja em paz.

Lucia Regina Antony, coordenadora regional da Funasa no Amazonas

Retornar ao topo

Mudanças do PCB e do PPS

Conhecemo-nos no final da década de 70, durante a discussão sobre a necessidade da reforma do sistema de saúde. A primeira qualidade que observei nele foi a grande generosidade para ouvir. Quando fui procurá-lo, falei mais que ouvi. Ele já era um especialista, consultor internacional, tinha uma produção teórica sobre o sistema de saúde, e acabou dedicando um tempo muito grande para me ouvir. Especialmente, o que resultou do encontro foi uma grande afetividade.
Essas qualidades humanas na convivência com as pessoas, a generosidade e o afeto, tiveram uma enorme repercussão na atuação dele como gestor e como político. A capacidade de liderar o projeto da reforma sanitária brasileira tem a ver com essas características pessoais. Arouca compreendia a diversidade de posições e a importância da participação dos diversos atores sociais nos processos. O SUS é resultado de uma ação política que incorporou a visão generosa e pluralista do Arouca. Foi a grande contribuição dele na política de saúde.
Na política partidária, teve uma grande importância na discussão de mudança do PCB para o PPS. Arouca trouxe para o campo da ação temas fundamentais, novos para a esquerda, como as questões do meio ambiente, do gênero e da exclusão de segmentos da população, como negros e índios. Para mim, além de ter profunda admiração pelo personagem Sérgio Arouca, guardo a relação de carinho, amizade e respeito ao longo da vida inteira. Faz uma falta enorme para nós.

Luís Antônio Santini, diretor do Instituto do Câncer (Inca)

Retornar ao topo

Originalidade

Dentre as inúmeras qualidades do Arouca destaco duas: o otimismo com que encarava as mais difíceis situações e a originalidade de suas análises. Assim, quando tudo parecia adverso para o enfrentamento de determinado problema, diante do qual muitos desistiriam, Arouca achava um ângulo de análise, ainda não pensado pelos demais, que nos abria um caminho a ser percorrido, quase sempre com sucesso.

Luiz Cordoni Jr, sanitarista

Retornar ao topo

Saúde Coletiva da América Latina

Amigos y amigas de la Salud Colectiva de América Latina, amigos y amigas de ALAMES,
Se nos fue Sergio amigo, compañero de sueños y de luchas por la defensa de la Salud como Derecho y como Bien Publico. Conocí a Sergio en aquella reunión de Ariccia, Roma en 1979 y desde ahí se tejió una amistad y un compartir de amigos, compañeros, maestro.
Sergio me invito a Brasil a estudiar en la ENSP, lo que solidifico los vínculos. Seguí muy de cerca sus aportes en diferentes campos a los procesos políticos de la Salud en Brasil. Siempre siguiendo el proceso de construcción del Sistema Publico de Salud de Brasil (SUS) proceso del cual el fue actor fundamental desde los diferentes espacios que le toco accionar como integrante del movimiento sanitario. Recientemente hablo de la necesidad de transformar el SUS, de colocar en la centralidad de su accionar la promoción de la calidad de vida.
Hoy desde aquí, desde esta trinchera de lucha en este proceso bolivariano su ausencia es un vacío enorme, pero al mismo tiempo un renovar compromiso para continuar en esta tarea, esa inmensa tarea que en nuestros países significa construir e implementar Políticas Publicas donde la dignidad de la vida, la promoción de calidad de vida y la garantía de derechos este en el centro del accionar publico, de la nueva institucionalidad publica.
Sigamos pues tejiendo sueños, fortaleciendo el movimiento de la Salud Colectiva en nuestro continente, con Sergio, con todos y todas…..
Un abrazo grande. Amiga de siempre

Maria Urbaneja

Retornar ao topo

Sensível aos outros

Conheci Arouca em Brasilia no final de 1975. Ambos procurando se esquivar da repressão em nossos países, ele a vigente em Brasil e eu a anunciada na Argentina. Foram largas noites de papo sobre saúde, marxismo e peronismo, regados com abundantes doses de Teachers, no Estalão, um bar na zona dos “hotéis”, de duvidosa reputação.
A partir desse momento trabalhamos juntos por mais de 20 anos e a intensa convivência foi transformando a parceria em cumplicidade e a amizade em fraternidade.
Desfrutei de sua enorme capacidade de desenvolver teoria, às vezes a partir de práticas pontuais, criar fatos novos e de alucinar como ele gostava dizer, mas quando penso em meu irmão, para além dessas qualidades, vejo um companheiro sensível aos problemas dos outros, que gozava intensamente cada momento, às vezes meio moleque, acreditando em “mandrakarias”, cuja marca ao longo de sua vida foi seriedade e profundidade no que fazer da saúde, mas sem perder a paixão e o bom humor.
Foi um privilegio ser seu parceiro e amigo. Hoje desejaria estar discutindo com ele a essência dos fantasmas que nos assombram.
Tenho uma enorme saudade e um vazio difícil de preencher.

Mario Hamilton, ex-professor e pesquisador da Fiocruz

Retornar ao topo

Lições do sistema de saúde

Que tristeza….
Pelo hábito de tentar acompanhar a vida no Brasil, desta distante Genebra abro a internet e vejo o que este fim de domingo de sol aqui teimava em esconder. Nem sei o que dizer. Morel relatou nosso ultimo encontro com Sérgio e publicou uma das fotos que tiramos na Ponte de Mont Blanc.
Nesses dias, Sérgio nos falou com entusiasmo de sua idéia de projetar mundialmente as vitórias e as lições do sistema de saúde brasileiro.
Com sua morte perde a saúde publica brasileira e mundial. Perdemos seus amigos. Perde sua família. Que tristeza….

Mario Roberto Dal Poz, Ex-vice presidente da Abrasco, ex-vice diretor do Instituto de Medicina Social e coordenador do Programa de Recursos Humanos em Saúde da OMS, em Genebra

Retornar ao topo

La partida

Hoy amanecí con la información de la partida de Sergio Arouca. Se adelantó en la ruta, pero sus hermanos y compañeros de lucha hemos sentido profundamente. Él siempre estrá presente en nuestro duro batallar. Siempre será el compañero de la Nicaragua Sandinista, de la Colombia de Camilo, de esta isla con Fidel y el Che, en fin de nuestra América y el mundo. Su figura, su calva, sus anteojos y su pensamiento siempre estará con nosotros.
Consideramos como ese otro querido compañero, quien expresase a la Fundación Oswaldo Cruz, a sus amigas a las familias de Sergio, especialmente a Ana María a Sara y sus hijos e hijas nuestro profundo sentimiento de pesar por su partida. No le olvidaremos.

Miguel Márquez, médico equatioriano e Francisco Rojas Ochoa, sanitarista cubano

Retornar ao topo

Dolor Grande

Que dolor tan grande es esta perdida. El domingo pasamos con Gilson Cantarino por la gafiera donde celebramos en 1994 el cumpleanos de Mario Hamilton y el lanzamiento de la campaña de Sergio. Entonces Gilson me conto igual que lo hiciste tu el lunes en la Fiocruz que era dificil que pasara mas de una semana entre nosotros.
Luego al tomar el avion desde Goiania a Brasilia encontramos a Eduardo Jorge que venia al congreso de Abrasco y a discutir su toma de la coordinacion de la Conferencia Nacional. Me conto que habia pasado el dia entero con Sergio en Rio y que habian analizado todo lo de la conferencia,estaba lucido y pasando su experiencia y sus suenos hasta el ultimo minuto.
Desde el primer hasta el ultimo dia que pase en Brasil estaba siempre presente la figura de Sergio.

Mirta Roses, diretora da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS)

Retornar ao topo

No tempo do Peses

Em nome da Universidade Federal da Bahia, lamentamos a perda do grande sanitarista e liderança acadêmica e política que foi o Prof. Sérgio Arouca e apresentamos aos familiares e amigos nosso votos de profundo pesar
Em meu nome pessoal, como ex-aluno, ex-companheiro, admirador, amigo e sempre discípulo, compartilho esses sentimentos com todos os amigos e discípulos de Arouca na Bahia. Estamos imensamente tristes mas não desconsolados. Sempre nos orgulharemos de ter tido o privilégio de contar com o seu apoio, talento, brilho e generosidade, desde nos momentos iniciais do nosso projeto histórico, no tempo do PESES apoiando o antigo Mestrado em Saúde Comunitária, visando à consolidação do antigo Departamento de Medicina Preventiva, até nos momentos cruciais de construção da nossa autonomia e afirmação com a implantação do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.
A sua energia, entusiasmo e alegria certamente nos acompanharão na superação dos enormes desafios que nos esperam nesta construção de uma nação chamada Saúde.

Naomar de Almeida Filho é atual Reitor da Universidade Federal da Bahia

Retornar ao topo

Desbravador da medicina preventiva

A produção cientifica, técnica e política de Sérgio Arouca se confunde de forma harmoniosa e dinâmica, configurando uma das mais belas histórias de um profissional de saúde no nosso país. Desbravador teórico da área da medicina preventiva e social, foi o inspirador da Constituição de 1988 no campo da saúde e o renovador da Fiocruz, além de um ativo deputado federal. Sua Biblioteca Virtual, é a própria história da saúde pública brasileira dos últimos 30 anos.

Paulo Buss, Presidente da Fiocruz

Retornar ao topo

Inestimáveis serviços

Em meu nome pessoal e no da Sociedade de Medicina Tropical, externo a essa Fundação e à família do sanitarista Sérgio Arouca nossos profundos sentimentos de pesar pelo seu falecimento, reconhecendo os inestimáveis serviços prestados à causa da saúde pública brasileira e latino-americana e o seu permanente compromisso com a elevação dos padrões de saúde da população deste país.

Pedro Tauil, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Retornar ao topo

Opção pelo humanismo

Faleceu a síntese política do Partido Popular Socialista (PPS): o companheiro, dirigente e médico sanitarista Sérgio Arouca. Militando – então pela legenda PCB – desde 1956, Arouca era um comunista diferenciado por sua postura diante da vida e da própria política. Sem abandonar a razão como princípio balizador de suas ações, pode-se dizer que ele chegou e se manteve no campo do socialismo pela emoção e por sua radical opção pelo humanismo. Crítico do racionalismo frio, abria-se e dialogava com temáticas novas, comportamento não muito comum naqueles que se referenciavam unicamente pelo marxismo. Daí ser possível afirmar que, dos antigos militantes, Arouca era um dos que melhor representavam a passagem do velho PCB para o renovado PPS.
Como integrante do chamado Partido Comunista da Saúde, designação pitoresca do movimento de saúde pública no qual o PCB tinha grande influência, Arouca foi um dos grandes responsáveis pelo agendamento do tema nos debates políticos. Deu contribuição decisiva na formulação e implantação do SUS, modelo considerado moderno até os dias de hoje, embora tenha experimentado algumas distorções em sua implantação pelo poder público. O sanitarismo teve em Arouca um dos principais articuladores e propagandistas.

Roberto Freire, presidente do Partido Popular Socialista e deputado federal (PPS-PE)

Retornar ao topo

Questões populares

Conheci o Arouca no final da década de 70 e rapidamente, através da política, futebol e outras coisas boas da vida, tornei-me seu amigo e admirador. Tempos de ditadura, mas o seu bom humor permeava tudo. A sua inteligência fértil e sensibilidade apurada para as questões populares sempre oferecia projetos e sonhos de melhoria da vida em sociedade. A Fiocruz foi a possibilidade de pô-los um pouco em prática. Lá aprendi, com ele, a incorporar a alucinação na prática da gestão pública. Nesses tempos de tanta desilusao o danado faz uma falta da gota. Saudades, Rhalá.

Rômulo Maciel, diretor do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães

Retornar ao topo

Batalha pela saúde

Lamento profundamente o falecimento do bravo Arouca, cuja história de batalhas pela saúde e pela democracia marcaram minha formacão no jornalismo. Estou neste momento em São Paulo, e gostaria muitíssimo de visitá-lo pela última vez no Castelo, um símbolo que me faz recordar os bons tempos do jornalismo. Infelizmente, não será possível a despedida física. Mas estarei com a intencão e com as energias que reservo focadas nesse “adeus”.

Sérgio Adeodato é jornalista, com passagens pelo JB, O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e revistas Globo Ciência e Época.

Retornar ao topo

Nicarágua

Con Sergio compartimos la vida en Nicaragua y alla y aqui . Es maravilloso leer lo publicado que refleja la talla de Arouca en todas sus facetas.

Tabares Gonzalez, sanitarista nicaragüense

Retornar ao topo

Nas paredes da ENSP

Acabamos de saber que Arouca nos deixou. Assim como muitos brasileiros hoje, estamos de luto. Arouca é uma dessas pessoas que passa pela vida e deixa sua marca, por isso jamais será esquecido. Quando a memória dos amigos e dos discípulos se apagar, haverá a história, que o manterá vivo para sempre. Sua história de luta estará também para sempre nas paredes da Ensp, da Fiocruz. Tivemos o prazer de conviver e aprender com Arouca, o que nos torna diferenciados e mais enlutados neste momento. Queríamos poder estar aí para dividir com voces este momento difícil. Ficam a vontade e o abraço a distância.
Lembro de uma vez, quando estava em São Carlos fazendo meu mestrado e ele estava na campanha para presidência. Arouca tinha vindo a cidade para fazer um discurso no bandejão da USP. Quando me viu la na entrada, brincou comigo que agradecia meu esforço de ter vindo do Rio para assistir e prestigiar sua campanha. Alias, eu o teria feito com o maior prazer. Outra ocasião inesquecível para mim foi seu primeiro discurso como presidente da Fiocruz para os funcionários. Este foi feito na quadra que tinha acabado de ser terminada e estava com o piso novo. O nosso Arouca tirou os sapatos e com todo cuidado para não escorregar fez seu entusiasmado discurso de meias. le que sempre lutou tanto pela saúde, perdeu a batalha quando era a sua vez, história de muitos guerreiros que vêem alem de seu corpo, e batalham em prol de muitos.
São muitas as histórias e as lembranças, e elas permanecerão conosco de modo suave e estimulador, um exemplo a ser seguido. Que voce tenha muita paz, Arouca, e continue abençoando a Fiocruz.
Na impossibilidade de estarmos presentes, tomamos a iniciativa de enviar uma côroa de flores para prestar nosso reconhecido agradecimento, em nome de todos os brasileiros aqui da Paho. Foi a maneira que encontramos de homenagear mais uma vez aquele que muito fez pela Saude Publica e pelo Brasil.
Um abraço solidário.

Teófilo Monteiro é professor da Ensp e atualmente trabalha na Organização Pan-americana de Saúde

Retornar ao topo

Parlamentar combativo

Registramos, com grande pesar, o falecimento Sérgio Arouca, ex-presidente, ex-secretário de Estado, parlamentar combativo, líder e pioneiro da reforma sanitária do Brasil. Consternados pela perda de nosso professor de medicina preventiva, externamos nossa dor e sentimentos aos companheiros e familiares de Sergio Arouca. A lição foi dada. Cabe a nós prosseguimos sua luta.

Thales Pontes Luz, subsecretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do RJ.

Retornar ao topo

Serviços no Amazonas

Foi com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do nosso sanitarista Sergio Arouca, que muito contribuiu com relevantes serviços na área de pesquisas para o estado e o país.

Vanessa Grazziotin, deputada federal pelo Amazonas

Retornar ao topo

Castelo do Adeus

A Sérgio Arouca

De la muerte olvidar el más recente ramo, Desconocer el rumbo, la proa o la bodega En que mi amigo viaja solo o amontoado Y a esta hora creerlo aún dueño del día, Aún dueño de aquella claridad sonriente, Que repartió entre tantas tareas y personas.

Pablo Neruda (C.O.S.C)

Como um Castelo de contos
Manguinhos despertou com você de um sono intenso
E saudou os anos 80 com lucidez e música
Seus bosques verdejaram
Suas salas encheram-se de esperança
E todos reviveram desejos
De reconstrução

Como um Castelo de sonhos
Manguinhos encheu-se de um sol dourado
Por suas mãos rejuvenesceu auroras
Em manhãs radiosas de festa
Recebeu de volta seus cassados
Inaugurou novas primaveras
Teceu redes, lançou sementes
Desabrochando rosas e idéias
Anunciando jardins e descobertas

Tudo isto fez você, um homem em sonho
Que de sonhos nos povoou
E em nós incitou a participação
Restituindo de vida e sentido
O cenário de Manguinhos
Impregnados de sua presença
E fidelidade idealista
Fomos todos: povo, partido, companheiros
Irmanados pela democracia

Como um Castelo sagrado
Numa manhã primeva de agosto
Manguinhos acordou diferente
Num domingo incomum
Ornado de coroas de flores
Mensagens e faixas de cetim
Entre preces e pétalas
E o incenso de velas
Exala a hora da partida
Anunciada
Seu retrato desfralda ventos
Na fachada nobre
Que de dignidade
Você cobre

Como um Castelo de memórias
Do parapeito de suas varandas
Tecidas de arabescos
Filigranadas em renda
Também nós desfraldamos ventos
Sopros de outrora e de agora
E entre dores e sonhos
Somos abrigados sob as torres
Que irrompem o dia, riscando o espaço
Singrando anos e mares
Transatlântico altaneiro
A navegar as colinas de Manguinhos
Como em porto eterno
Escultura a se impor sobre a paisagem ferida
Da avenida cinzenta e poluída
Fantasia exótica a evocar as mil e uma noites
Ao viajante suspenso nas rotas velozes
Do Rio

Como um Castelo de adeus
Ao final da tarde a despedida
Já não havia mais o seu corpo
Mas permanece a sua presença
O cheiro de rosas escala as escadas
E impregna-se nos corrimãos de bronze
Cobrindo os degraus
Por onde centenas de passos deslizam

Como um Castelo de Sonho
Na manhã do dia seguinte
Choveu pétalas do céu de Manguinhos
A descer cálidas sobre corpos entrelaçados
Envoltos às paredes pétreas e imponentes
Do edifício cingido em abraço
E corações numerosos em coro
Cantaram a saudade aos quatro ventos
Enlevados de tristeza de sino ao crepúsculo
Há que chorar, as lágrimas sabem a carinho
E o coração exalta a sua força e a sua luta
Que a todos eleva e embrulha
Na essência de um caminho a ser perseguido

Muitos irão em busca de sua trajetória
Aquela que você incitou
E a saúde que você sonhou
Seguirá seu rumo
No rastro de sua estrela guia

Daqui de Minas
Cercada de férreas montanhas
Herdeira de fé milenar, em minha humana fantasia
vejo você, reencontrando os pares já idos
De sua Academia, imortal etílico
Brindando em um bar celestial
com Tom, Vinícius, dentre outros amigos
Deixando em nós o sorriso iluminado,
A imagem da serenidade e da firmeza
E uma profunda esperança
de honrar e prosseguir a sua luta.

Virgínia Schall, pesquisadora do CPqRR/Fiocruz

Retornar ao topo